Descobrimos
agora que os problemas deste País se resolvem com impostos. Hoje de
manhã levantei-me com uma dor de cabeça aguda e, ao invés de uma
aspirina, deu-me para pensar se o meu problema se resolvia com um
shot de impostos e contribuições – a contribuição não é, por
definição, um acto voluntário?!?!?. Só a ideia curou-me logo.
Aliás, se tivéssemos bom-senso, ao invés de encomendar-mos estudos
que invariavelmente acabam com propostas de aumento de taxas,
aumentávamos-las logo e poupávamos a maçada de ter de ouvir a
comissão a vender moralismos que não pedimos, como se vivêssemos
na Dinamarca, e tivéssemos uma classe média pujante que, vistas
satisfeitas todas as outras necessidades, se preocupasse agora com
questões ambientais. Mas não estamos lá. Nem a caminho sequer.
De
resto tudo isto é lógico. Os dois principais poluidores do mundo
não ratificaram o protocolo de Quioto – China e EUA, responsáveis
por cerca metade da poluição gerada no mundo, estão fora do
protocolo ou, no caso deste último, beneficiam de condições
especiais por se tratarem de países em vias de desenvolvimento -, e
até o Canadá abandonou o protocolo, não só por se arriscar a
pagar multas gigantescas pelo incumprimento, mas também por ser
ironicamente um dos países que mais tem a ganhar com o aquecimento
global.
Recentrando-nos
no tema em análise, o que é curioso constatar é que a economia
Europeia é tão competitiva que se pode dar ao luxo de se auto impor
um custo – mercado de carbono – que os seus principais
competidores ou não suportam – EUA – ou a quem lhe foi dada
liberdade para poluir durante um largo período de tempo baseados no
argumento de estarem em desenvolvimento – China, Índia, Indonésia,
Brasil e Rússia -. As consequências são claras: como os mercados
de commodities tendem a ter preços muito semelhantes para todos os
países produtores, a produção na Europa vê-se ainda mais afectada
porque, para além de suportarem factores de produção já mais
agravados – factor trabalho pelos custos impostos pelo Estado
Social -, são ainda obrigados a pagar energia mais cara pois não
podem fazer como a China, a Índia ou o Estados Unidos que queimam
carvão, um fonte primária de energia muito poluente, mas barata, o
que embaratece em muito o custo final do bens ou serviços por si
produzidos.
Tudo
vai pois bem no nosso reino.
Ah, não se esqueçam. Sendo o mundo todo o mesmo, vale de pouco nós pouparmos a nossa parte da camada do Ozono quando os outros a destroem. É que como ela não tem fronteiras, podemos estar a dançar uma música quando todos os outros já dançam a seguinte. Estamos sozinhos na pista, mas não importa: a nossa autoridade moral paga-nos as contas.
Ah, não se esqueçam. Sendo o mundo todo o mesmo, vale de pouco nós pouparmos a nossa parte da camada do Ozono quando os outros a destroem. É que como ela não tem fronteiras, podemos estar a dançar uma música quando todos os outros já dançam a seguinte. Estamos sozinhos na pista, mas não importa: a nossa autoridade moral paga-nos as contas.
Mas, se puderem, digam lá a verdade:
querem subir as taxas, os impostos ou, como vai sendo moda dizer-se,
as contribuições – ?!?!? -?
Arranjem
outro argumento, porque este do ambiente já não cola.
Tópico relacionado - Post de João Cortez no Insurgente
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