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domingo, 31 de agosto de 2014

Câmara de Lisboa vai acabar com brasões das ex-colónias no jardim da Praça do Império

A história de um povo, qualquer que seja, está muito longe de ser um conto de fadas ou um conjunto de momentos gloriosos cuja epopeias, para as nações que tiveram a sorte de ter um Camões, ou um Homero, ou um Virgílio; retratam de uma forma mais ou menos turvada e, por isso mesmo, jamais isenta.

A história é feita de altos e baixo, de conquistas e de perdas, de vitórias e de derrotas. A nossa colonização não foi brilhante. Cometemos erros, alguns muito graves e dos quais não nos devemos orgulhar. Mas não nos esqueçamos que até Locke teve acções de uma companhia esclavagista: assim eram os tempos, e qualquer hermaneuta digno desse nome tem que reconhecer que as evidências irrefutáveis dos dias de hoje estão nos antípodas daquelas aceites apenas há uns séculos atrás em áreas geográficas não distintas das actuais. Além disso, se a colonização e a revolução industrial tivessem brotado em África provavelmente teríamos sido nós os colonizados e, em grande medida, os escravizados. Assim nos ensinou a história, assim possivelmente teria sido. Assim é a natureza humana.

Todos os momentos históricos têm as suas vicissitudes e, no tocante àqueles dos quais não nos devemos orgulhar, se para mais não servirem, sirvam ao menos para aprendermos com eles os valores da tolerância, do respeito, da aceitação, enfim, da liberdade e não imposição coactiva de vontades aos demais.

O que se passa neste caso é o equivalente à destruição do arco do triunfo erguido por Napoleão em Paris, justificado pelas conquistas Francesas que custaram a vida a milhares de civis e militares Portugueses e milhões de Europeus. Faz sentido? Não. Irei mais longe. Não percebo o porquê da proibição de venda de «Mein Kampf» por duas razões distintas. Primeiramente porque quem realmente o quiser ler encontrá-lo-à e lê-lo-à sem grande dificuldade nestes tempos a que chamamos já «idade da informação». A outra razão que aponto para a não proibição da edição da obra resulta da minha firme convicção que não se escreveu até hoje, e provavelmente nunca se escreverá, maior obra contra o nacional-socialismo do que o próprio «Mein Kampf», e que o conhecimento geral desta obra poderia surgir como uma vacina capaz de impedir uma pandemia como aquela que assolou Europa das décadas de 30 e 40 na Europa. Mais uma vez, o rótulo interessa, mas é a substância o que mais importa.

A história não se apaga por decreto,não se corrige por edital nem está sujeita a revisão por enunciação de vontades. Ela é o que foi, e é assim que deve continuar a ser mantida. Se assim não for, sujeitamo-nos a eleger pessoas para gerirem a coisa pública em nosso nome enquanto estas se arrogam ao direito de reescrever, com o seu próprio código de valores não votado ou sujeito a referendo ou plebiscito, a história da cidade e o património que é dela e de todos.

Meus senhores: preocupe-mo-nos com o que realmente importa e esqueçamos o acessório.

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